terça-feira, 25 de junho de 2013

Conversações III: escritas de si

Não tenho tido o cuidado de prestar atenção
nas poesias ultimamente.
Tem coisa tão bonita,
mas tem tantas outras que eu quero escrever na parede.
Ter as palavras inscritas nas paredes:
Elas se inscrevem primeiro na gente...
Elas já estão inscritas muito tempo antes de conseguirmos escrevê-las,
mas reinscrevê-las nas paredes da casa
é atravessarmos, mais uma vez, nossa pele com elas.
Talvez um dia eu fale essa frase
em outro contexto
para outras pessoas
e no meio do caminho
vou lembrar de onde ela veio.
Mesmo coisas aparentemente universais
só produzem efeitos pessoais.
Impressionante como traduzimos tudo para o nosso mundo,
pra nossa vida,
e só dentro disso as coisas fazem sentido.
Nesse espaço que se abre
entre aquilo que tu me diz
e aquilo que eu leio
o motivo pelo qual tu escolhe a passagem, aquilo e naquilo que ela te toca
podem ser os mesmos que os meus,
mas podem ser completamente diferentes.
A única comunhão que temos é a emoção da leitura,
o abismo do intenção do significado
e da interpretação dele.
Será a pele o nosso limite?
ou o olho?
Acho que é a palavra.
Se fosse a palavra,
o que diríamos do silêncio?

______
Parceria com Paula Helena.

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